Vamos brincar de igualdade?
- Comunicando Amor
- 11 de mai. de 2017
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Meninas precisam ser protegidas? Meninos são incontroláveis? Meninas são melhores nisso e meninos naquilo? Meninos usam azul e meninas vestem rosa? Futebol é coisa de menino? Boneca é coisa de menina? Crianças crescem para se tornar aquilo que se espera delas, e agarram-se a esses rótulos como um modelo a ser seguido.
Dizer que um é melhor que o outro em determinado assunto é um desestímulo para as crianças, fazendo com que elas percam o interesse por determinadas matérias. Declarar alguns esportes como “masculinos” – o futebol, por exemplo, sempre muito ligado à virilidade – é uma forma silenciosa de julgar as meninas incapazes nas atividades motoras. Em compensação, o cuidado e a linguagem são tidos como áreas tipicamente femininas.
“Os meninos são socializados para serem mais desobedientes e agitados. É o perfil de gênero que se espera deles. Se o discurso não fosse repetido, talvez o comportamento fosse outro”, pondera a professora Marília Pinto de Carvalho, do Grupo de Estudos de Gênero, Educação e Cultura Sexual da USP. Isso se reflete nos resultados das crianças e em seu desenvolvimento adulto. O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) constatou que as meninas apresentam, por exemplo, um desempenho inferior em matemática quando comparadas aos garotos da mesma série. Isso se deve principalmente à falta de confiança que elas possuem em si mesmas em relação aos números, segundo o estudo.
Por causa do tratamento diferenciado e suas consequências durante a idade escolar, há áreas profissionais totalmente dominados por um ou outro sexo. A área da enfermagem, por exemplo, quase 90% da força de trabalho são mulheres. Já nos cursos ligados à engenharia, em média, 25% dos formados são do sexo feminino.
Elas também são minoria em cargos de chefia e sofrem com a disparidade de salários. Exercendo funções iguais, uma mulher recebe cerca de 70% do pagamento que um homem receberia por hora. Mesmo em áreas com predominância feminina, como saúde e educação, a remuneração das mulheres ainda é inferior à dos homens.
Além disso, as tarefas domésticas continuam sendo tarefas femininas. O IBGE confirmou que as mulheres dedicam 20.8 horas ao serviço de casa por semana, contra 10 horas semanais que recaem sobre os homens.
Para haver uma criação mais livre, baseada na igualdade, é necessário reformular alguns hábitos enraizados na sociedade. Brincadeiras com bonecas e casinhas são indicadas para todos, por representar a vida familiar harmoniosa que a criança pode ter quando crescer, além de ensinar responsabilidade e divisão de tarefas.
É importante preciso oferecer um leque amplo de opções para os alunos quanto aos seus interesses e brincadeiras. Não é obrigatório que um menino brinque de boneca se ele não mostrar vontade de fazê-lo, mas, caso ele tenha a iniciativa, isso deve ser estimulado. Afinal, ele também pode optar por ser pai, no futuro, e está apenas imitando a realidade.
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